quinta-feira, 9 de julho de 2009

World Press Photo: para aproveitar, em Lisboa


As fotografias vencedoras do World Press Photo 2009 estarão até 19 de Julho no Museu da Electricidade, em Lisboa. Os visitantes podem apreciar, ao vivo, mais de 80 fotografias captadas nos quatro cantos do mundo, por autores de diversas nacionalidades.
A foto vencedora desta edição (em cima) foi tirada nos Estados Unidos da América por Anthony Suau (que ganhou este prémio pela segunda vez), para a revista Time. Apesar de se confundir com um cenário de guerra, trata-se de um momento da actuação de um polícia norte-americano, no Ohio. O enquadramento é confirmado pela legenda da foto, que explica que o polícia estava apenas a verificar se a casa estava abandonada após os proprietários terem recebido uma ordem de despejo, devido a dificuldades financeiras. Ou seja, é um retrato da crise.
Esta 52.ª edição (e terceira presença consecutiva no Museu da Electricidade) foi marcada por um aumento significativo de participantes, inclusive fotógrafos portugueses, que subiram de 23 para 50, em relação ao ano passado. Da tragédia à comédia, entre a realidade e a fantasia, a mostra do World Press Photo abre as portas à imaginação num dos edifícios mais bonitos e singulares da capital portuguesa. A seguir, o Funchal, Portimão e Ponta Delgada recebem a mesma selecção fotográfica.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Porque hoje é o Dia Internacional da Mulher…

O Dia Internacional da Mulher foi instituído no mesmo ano em que se implantou a República em Portugal – 1910. E porquê o 8 de Março? Porque foi neste dia que, em 1857, as nova-iorquinas empregadas em fábricas da indústria têxtil se manifestaram contra as más condições de trabalho e os salários reduzidos. Seguiram-se muitos outros protestos, como o de 1908, que juntou 15 mil mulheres em Nova Iorque, exigindo reduções de horário, melhores salários e direito ao voto.
Mas o Dia Internacional da Mulher só viria a ser estabelecido dois anos depois, na primeira conferência internacional sobre a mulher, em Copenhaga. No entanto, depois dos anos 20 do século passado, as comemorações deste dia esmoreceram e só foram revitalizadas com os movimentos feministas dos anos 60. Até que, em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU) decidiu patrocinar o Dia Internacional da Mulher, para celebrar os feitos económicos, políticos e sociais que, com muito esforço, as mulheres alcançaram.

Há muitos anos que as mulheres lutam pela igualdade, mas o facto é que as diferenças entre sexos subsistem, embora cada vez mais ténues. Hoje, a edição on-line do Le Monde publicou alguns números que aqui vou citar, pois parece-me importante divulgar dados reais que mostram o quanto ainda estamos longe da paridade sexual. Mas não sou pessismista e penso que para lá caminhamos.


- 40 mil milhões de horas é o tempo que as mulheres da África Subsariana passam, ao longo de um ano, à procura de água. É o equivalente a um ano inteiro de trabalho de toda a população activa em França.

- 2/3 das horas de trabalho são asseguradas pelas mulheres em todo o Mundo. Mas, segundo a ONU, elas não recebem sequer um décimo dos rendimentos.

- 70% dos 130 milhões de crianças não-escolarizadas de todo o Mundo são meninas. Assim, não admira que 64% dos 867 milhões de adultos que não sabem ler sejam mulheres.

- 15% dos directores de investigação na União Europeia (UE) são mulheres. Nas áreas científicas e técnicas, esta taxa não ultrapassa os 9%.

- 21% é a diferença salarial média entre homens e mulheres em todo o Mundo. Na EU, esta diferença é de 17,4%.

- 8,8% dos membros dos conselhos de administração nas empresas do CAC 40 (as que têm melhor performance financeira em França) são mulheres.

- 60% é a percentagem de mulheres que integram o Governo finlandês. A Finlândia é o único país da União Europeia que tem mais mulheres do que homens no Governo. O país europeu com menos ministros do sexo feminino é a Hungria (6,25%) e a taxa média, nos 27 países da EU, é de 25,5%.

- 18,4% de mulheres ocupam cargos parlamentares em todo o Mundo. Na União Europeia, a taxa média dos 27 parlamentos nacionais é de 24%. A Suécia está em primeiro lugar (46,7%) e Malta em último (8,7%).

quinta-feira, 5 de março de 2009

Um jornal sem gralhas, um jardim sem flores

Errar é humano. Até Aníbal Cavaco Silva devia estar consciente disso quando proferiu (ao que se diz) a célebre frase «eu nunca me engano e raramente tenho dúvidas». Hoje, o Público faz 19 anos e Luís Francisco, jornalista do diário português, achou por bem revelar os «disparates», como lhe chama, que o jornal tem publicado até aqui.

Seguem, então, alguns trechos do relato de Luís Francisco, adiantando gralhas de jornalistas que, antes de mais, são humanos:

«(…) um homem do sexo masculino (…)»

«(…) atentado suicida não provoca mortos (…)»

«Em 1994, o inédito aconteceu: no primeiro dia de uma maré negra nas Shetland, vários navios sobrevoaram o petroleiro Braer.»

«O novo provedor de Justiça, Nascimento Rodrigues, tinha "cinco filhos, duas raparigas e dois rapazes".»

«A 20 de Junho de 2007 escrevemos que a mulher de D. João III foi D. Catarina de Bragança. Estava errado e corrigimos no dia seguinte: a senhora, afinal, chamava-se D. Leonor de Áustria. Assunto encerrado? Não. O PÚBLICO ERROU estava errado e o verdadeiro nome da rainha era D. Catarina de Áustria.»

«Trocar "facturantes" por "fracturantes" ainda é o menos; o pior é quando tiramos a letra do meio à palavra "céu".»

«Trocámos nomes às pessoas e publicámos fotos que não são delas, enganámo-nos em datas, forjámos nacionalidades, baralhámos siglas. Só nunca conseguimos igualar a mítica tirada do icónico comentador desportivo Alves dos Santos, que um dia terá dito: "O quarteto defensivo da Alemanha é constituído por três jogadores: Beckenbauer e Schwarzenbeck."»

«A 3 de Dezembro de 2007, a manchete do PÚBLICO sobre o referendo na Venezuela era taxativa: "Venezuela diz 'sim' à proposta de Chávez, oposição apela à vigilância". O único problema é que o "não" ganhou o referendo.»

«(…) a 3 de Janeiro de 1995, a morte do antigo ditador somali Mohammed Siad Barre vinha ilustrada com uma foto do ex-primeiro-ministro francês Raymond Barre (…)»

«(…) recordemos o jornal de 26 de Junho de 2008, onde, pelo menos na edição Porto, três chamadas de primeira página não tinham texto, apenas a base (em latim) utilizada para contar caracteres.»

«(…) pusemos o veterano Miles Davis a actuar no Festival de Jazz de Londres mais de década e meia depois da sua morte.»

Da minha parte, e sem gafes, deixo apenas uma breve mensagem: Parabéns, Público!

Nota: A pesquisa destes «pequenos tesouros» foi feita por Alexandra Galvão e Leonor Gonçalves e o texto pode ser lido na íntegra aqui.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Greve contra os despedimentos colectivos da Controlinveste

Os trabalhadores do Diário de Notícias, Jornal de Notícias e Jogo estão, hoje, em greve. O objectivo é mostrar indignação perante os despedimentos colectivos anunciados no início deste ano pela Controlinveste, a empresa que detém os três títulos.
À hora em que se escreve este texto, dos quatro jornais que integram o grupo, só o 24 Horas não tinha confirmado a sua adesão à greve. No entanto, segundo as declarações que os delegados sindicais dos outros três títulos deram à agência Lusa, ao final da tarde de ontem, espera-se uma adesão «francamente positiva».
As cartas de despedimento começaram a chegar às mãos dos trabalhadores na passada quarta-feira. Esta greve é um manifesto contra a falta de vontade em negociar da Controlinveste. «Se a administração tivesse dado o mais pequeno sinal que fosse, a greve teria sido imediatamente desconvocada», disse, à Lusa, Paulo Silva, jornalista e delegado sindical do Jornal de Notícias.
Além desta paralisação, os trabalhadores já pediram a intervenção do Presidente da Republica, primeiro-ministro, grupos parlamentares, Entidade Reguladora para a Comunicação Social, Provedor da Justiça, ministérios do Trabalho, da Economia, dos Assuntos Parlamentares, e das comissões de Trabalho, de Economia e de Ética, Sociedade e Cultura.

Despedimentos em números
- 66 no Jornal de Notícias
- 17 no Jogo
- 14 no Diário de Notícias
- 12 no 24 Horas

Lá fora, o cenário não está melhor

No país vizinho, o sector da Comunicação Social também parece estar a ressentir-se com a tão anunciada crise. Ontem, o diário espanhol ABC apresentou um Expediente de Regulação de Emprego (terminologia utilizada em Espanha para designar os despedimentos colectivos). O resultado? Serão afectados 238 dos 456 funcionários – mais de metade.
O grupo proprietário deste jornal – o Vocento – justifica este Expediente com «questões de cariz económico, produtivo e organizativo». Em comunicado, o Comité de Empresa que representa os trabalhadores do ABC afirmou que «não há disposição para negociar nenhum despedimento e que se utilizarão todas as ferramentas para evitar esta agressão».
O mais estranho é que, no passado dia 24 de Fevereiro, o ABC publicou uma notícia que anunciava o facto de ser o único jornal espanhol a aumentar o nível de vendas, que subiram 14,2% em Janeiro. Perante este dado, a dúvida instala-se: será mesmo da crise? Ou este contexto estará apenas a servir de desculpa para aumentar os lucros, à custa de cortes nos recursos humanos e consequente sobrecarga nos que ficam?