quinta-feira, 5 de março de 2009

Um jornal sem gralhas, um jardim sem flores

Errar é humano. Até Aníbal Cavaco Silva devia estar consciente disso quando proferiu (ao que se diz) a célebre frase «eu nunca me engano e raramente tenho dúvidas». Hoje, o Público faz 19 anos e Luís Francisco, jornalista do diário português, achou por bem revelar os «disparates», como lhe chama, que o jornal tem publicado até aqui.

Seguem, então, alguns trechos do relato de Luís Francisco, adiantando gralhas de jornalistas que, antes de mais, são humanos:

«(…) um homem do sexo masculino (…)»

«(…) atentado suicida não provoca mortos (…)»

«Em 1994, o inédito aconteceu: no primeiro dia de uma maré negra nas Shetland, vários navios sobrevoaram o petroleiro Braer.»

«O novo provedor de Justiça, Nascimento Rodrigues, tinha "cinco filhos, duas raparigas e dois rapazes".»

«A 20 de Junho de 2007 escrevemos que a mulher de D. João III foi D. Catarina de Bragança. Estava errado e corrigimos no dia seguinte: a senhora, afinal, chamava-se D. Leonor de Áustria. Assunto encerrado? Não. O PÚBLICO ERROU estava errado e o verdadeiro nome da rainha era D. Catarina de Áustria.»

«Trocar "facturantes" por "fracturantes" ainda é o menos; o pior é quando tiramos a letra do meio à palavra "céu".»

«Trocámos nomes às pessoas e publicámos fotos que não são delas, enganámo-nos em datas, forjámos nacionalidades, baralhámos siglas. Só nunca conseguimos igualar a mítica tirada do icónico comentador desportivo Alves dos Santos, que um dia terá dito: "O quarteto defensivo da Alemanha é constituído por três jogadores: Beckenbauer e Schwarzenbeck."»

«A 3 de Dezembro de 2007, a manchete do PÚBLICO sobre o referendo na Venezuela era taxativa: "Venezuela diz 'sim' à proposta de Chávez, oposição apela à vigilância". O único problema é que o "não" ganhou o referendo.»

«(…) a 3 de Janeiro de 1995, a morte do antigo ditador somali Mohammed Siad Barre vinha ilustrada com uma foto do ex-primeiro-ministro francês Raymond Barre (…)»

«(…) recordemos o jornal de 26 de Junho de 2008, onde, pelo menos na edição Porto, três chamadas de primeira página não tinham texto, apenas a base (em latim) utilizada para contar caracteres.»

«(…) pusemos o veterano Miles Davis a actuar no Festival de Jazz de Londres mais de década e meia depois da sua morte.»

Da minha parte, e sem gafes, deixo apenas uma breve mensagem: Parabéns, Público!

Nota: A pesquisa destes «pequenos tesouros» foi feita por Alexandra Galvão e Leonor Gonçalves e o texto pode ser lido na íntegra aqui.

2 comentários:

Madalena Barbosa disse...

É louvável a humildade do Público demonstrada com a publicação deste texto. E nós bem sabemos o quanto nos custa ler uma gralha que deixámos passar! É bem verdade, errar é humano. O problema é que, quando os jornalistas erram, «meio mundo» fica a saber! É grande a nossa responsabilidade e temos de escrever e rever como se fossemos donos de sete olhos (ou mais)!
Estas gralhas aqui citadas estão de mais. Uma edição com letras em latim nos destaques da capa? Meu Deus, se isso nos acontecesse, acho que não escapava a um enfarte! ;)

PiniPon disse...

Parabéns por teres "repescado" este "belo" exemplo de humildade. Fiquei "reclusa" deste texto, até à última frase! Continua a trazer os bons exemplos para a blogosfera!

Andreia Pereira