quarta-feira, 4 de março de 2009

Greve contra os despedimentos colectivos da Controlinveste

Os trabalhadores do Diário de Notícias, Jornal de Notícias e Jogo estão, hoje, em greve. O objectivo é mostrar indignação perante os despedimentos colectivos anunciados no início deste ano pela Controlinveste, a empresa que detém os três títulos.
À hora em que se escreve este texto, dos quatro jornais que integram o grupo, só o 24 Horas não tinha confirmado a sua adesão à greve. No entanto, segundo as declarações que os delegados sindicais dos outros três títulos deram à agência Lusa, ao final da tarde de ontem, espera-se uma adesão «francamente positiva».
As cartas de despedimento começaram a chegar às mãos dos trabalhadores na passada quarta-feira. Esta greve é um manifesto contra a falta de vontade em negociar da Controlinveste. «Se a administração tivesse dado o mais pequeno sinal que fosse, a greve teria sido imediatamente desconvocada», disse, à Lusa, Paulo Silva, jornalista e delegado sindical do Jornal de Notícias.
Além desta paralisação, os trabalhadores já pediram a intervenção do Presidente da Republica, primeiro-ministro, grupos parlamentares, Entidade Reguladora para a Comunicação Social, Provedor da Justiça, ministérios do Trabalho, da Economia, dos Assuntos Parlamentares, e das comissões de Trabalho, de Economia e de Ética, Sociedade e Cultura.

Despedimentos em números
- 66 no Jornal de Notícias
- 17 no Jogo
- 14 no Diário de Notícias
- 12 no 24 Horas

Lá fora, o cenário não está melhor

No país vizinho, o sector da Comunicação Social também parece estar a ressentir-se com a tão anunciada crise. Ontem, o diário espanhol ABC apresentou um Expediente de Regulação de Emprego (terminologia utilizada em Espanha para designar os despedimentos colectivos). O resultado? Serão afectados 238 dos 456 funcionários – mais de metade.
O grupo proprietário deste jornal – o Vocento – justifica este Expediente com «questões de cariz económico, produtivo e organizativo». Em comunicado, o Comité de Empresa que representa os trabalhadores do ABC afirmou que «não há disposição para negociar nenhum despedimento e que se utilizarão todas as ferramentas para evitar esta agressão».
O mais estranho é que, no passado dia 24 de Fevereiro, o ABC publicou uma notícia que anunciava o facto de ser o único jornal espanhol a aumentar o nível de vendas, que subiram 14,2% em Janeiro. Perante este dado, a dúvida instala-se: será mesmo da crise? Ou este contexto estará apenas a servir de desculpa para aumentar os lucros, à custa de cortes nos recursos humanos e consequente sobrecarga nos que ficam?

1 comentário:

Rute disse...

Já se perderam 7453 postos de trabalho nas empresas de comunicação social de todo o mundo desde que o ano começou.
A crise é inegável. Mas a má gestão de recursos em muitas empresas, de facto, parece fazer de alguns patrões Robins dos Bosques invertidos.